sábado, 4 de agosto de 2007

Tempo


E a vida ficou complicada?
Acordar já na correria de um dia sem fim, despertar os filhos, preparar e servir o desjejum, fazer o check list do uniforme e materiais pedagógicos, levar ao portão para pegar a van que os levará a escola, trânsito irritadiço no bus, quefazeres diários de uma professora (ufff, agüentar minha coordenadora usando novamente aquele slogan que ela trouxe de uma palestra mui suspeita da delegacia de ensino: "Percepção Educacional é Fato", que ela repete como se fosse um mantra, como se a “sabedoria educacional” tivesse finalmente pulado da telinha do computador para dentro dela... assim, via wireless), regresso pra casa, trânsito histérico da hora do rush (melhor um bom “Rush”, abençoado seja o MP3), preparar o jantar, reunir a gurizada em volta da mesa, analisar as venturas e desventuras de cada faixa etária, rir muito com alguns “causos”, lavar a louça, verificar se na geladeira tem todas as licutcharias necessárias para o crescimento destes entes especiais, abrir a net, verificar e-mails, escrever ou re-escrever um cadikinhu, esperar receber uma ligação ou sinais de fumaça do companheiro no final do dia (só pra falar gracejos ou disparates), separar as contas a serem pagas, viajar pelo universo quântico ou literário com suas multi-estrelas, preocupar-se com o aquecimento global, com a oscilação do dólar, divagar sobre o Lula lá e nada aqui (ai... ai... ai...)
E o jornal que não deu tempo de ler todo? E a polêmica entre comida orgânica ou natural? Mas natural não é orgânica? Os livros no banheiro oferecem a angústia necessária de textos não lidos. O que fazer? Eu também não sei! Percepção ou realidade?
São tantas atividades diárias, cansaço é o que sinto às vezes... Talvez fosse mais profundo eu fazer cara de “Nova Era”, meditadora, fingindo uma conexão globalizada com tudo, más sei que todos estão perdidos também nesta quantidade de informações que precisamos processar, assimilar, distribuir, gerenciar...
Telefono para meu primo que naquele momento está ocupado em sanar uma gripe ou, provavelmente deve estar tentando salvar o mundo... brincadeirinha more, rsrsrs.

É... a vida ficou complicada demais!
Ontem fizemos escola da competição, vestibular, pressa, resultados imediatos, TG, Pós, congressos, conseqüências imediatistas... Mestrados, Doutorados, Pós Doutorados, afff.

Cobranças e mais cobranças por todos os lados...
_ Você tem 24 horas para me fazer feliz ou este matrimônio se
autodestruirá em 10 anos.

- Se você não sabe harmonizar seu dia-a-dia, cale-se. Será que tenho que me travestir de Jô Soares para que você consiga prestar atenção nas minhas idas e vindas de mulher labutadora?

Cadê aquele tempo em que nós mulheres entravamos na cozinha e preparávamos coletivamente um almoço gostoso, enquanto as crianças brincavam nas ruas, enquanto nossos homens discutiam na sala um papo sem compromisso.
Ah é mesmo, as cozinhas encolheram e ficaram práticas para a família moderna... Não existem mais ruas seguras pras nossas crianças e nossos homens já não sabem mais o que é um papo sem compromisso, regado a brejas geladas e um bom rock n’ roll.
Quem mudou isto?
- Nomes, quero nomes!
Nós complicamos tanto a vida que hoje se encontra respostas das mais diversas em livros de frases prontas. Todos TÊM que ser sensíveis, humanizados para um mundo corporativo.
Que corpo tem o mundo corporativo? E antes, não era necessário ser assim também? Ou a forma ficou muito maior que o conteúdo?
Para TUDOOOOOOOO!
Esta correria insana, esta complicação toda é uma bola de ferro presa com correntes bem pesada em nossas vidas. Tudo está acumulado. Pobremente organizado. E ainda tem em tua agenda um sem números de post-its para lembrá-lo que não há mais tempo... Sua vida não está nas suas mãos. Esta agendada.
E você ainda para no final do dia diante do espelho do banheiro, com um desejo:
- Tempo, preciso de mais tempo!
O tempo sempre foi o mesmo. Há uma teoria que diz que temos menos tempo hoje do que nossos antepassados. Ih, falando neles, faz um bom tempo que não visito os meus.
É devagar, é devagar, devagarinho... E precisa ser devagar mesmo.
Ontem a palavra de ordem era UpGrade. De casa, de trabalho, de
companheiro. De visão de mundo. Hoje mudou, viu? Inventaram o
DownGrade...
Isto é de comer, de lutar ou de fugir? Você compra isto? Onde?
O pior é que nesta "Velocidade Máxima 555" tudo se corrompe e vamos falar as claras... não faz bem para ninguém.
O rosto espelha nosso estado de alma, e os dois estão vermelhos,
estufados, implodindo. Pretensão a minha eu sei. Mas fazer as coisas mais devagar, mais leves tem que ser possível.
Mas vem cá, não te parece mais gostoso sentir o cheirinho do alho e da cebola refogado, saindo daquele arroz do que um pi-pi do microondas avisando que sua comida descongelada foi re-aquecida em 2 minutos?
Estou falando do que é gostoso. Não necessariamente prático.
Gostoso é arrumar a mesa com flores e velas. Adornar com um bom jantar caseiro, a dois, a três, pra todos os amigos, nesta atividade você pode passar um bom tempo prazeroso.
E é disto que estou falando. Fazer as coisas por puro prazer e
contentamento. Sem necessariamente transformar o jantar num projeto de sucesso premiado.
Isso que são divagações de quem não tem muito tempo de sobra, rsrsrs
Sabe, outra noite voltei da balada, com o carro de meu já citado primo, no dia seguinte quando fui devolver o veículo e parei em um sinal vermelho, parou um destes carrões esportivos, tipo batman, o vidro insulfilmado desceu e um sujeito tentou uma abordagem:
_ Oi tudo bem, para onde você vai?
Aquilo a prióre me irritou e não respondi nada, arrancando com o carro.
_ E aí? - ele insistiu. - O que você faz?
Eu olhei por um segundo para aquela criatura tentando, desejando, buscando... algo de diferente... novo... e na lata, olhei dentro dos olhos daquele batman, e soltei:
_ Eu faço um arroz soltinho... E acelerei. Não sei o porque desta resposta inútil.
O pobre homem enlouqueceu. Em dois sinais, contou que era empresário, separado, morador de um Flat super prático, que tinha ficado encantado com o fato deu cozinhar... ???
O sinal abriu, virei para a esquerda, ele pra direita e provavelmente não nos veremos mais nos sinais das ruas, porém é disso que estou digitando... Quer alegria melhor do que encontrar um arroz soltinho na hora da fome? Simples assim, como os valores humanos, situações suaves e felizes...
Estamos tão desgastados e ressecados neste vai e vem da maré de nossas vidas que o maior desejo hoje é o de simplificar. Não porque seja uma palavra de ordem, mas porque nossa alma anseia por estes momentos suaves, pois não agüenta mais tanta carência. Nossa alma, nosso corpo, nosso estômago, nossa saliva, precisa de momentos de compartilhar coisas suaves, estamos carentes de tudo pela falta de tempo.
Uma colega me disse que é mais fácil entender um abacaxi do que nossa alma atormentada. Pura poesia. Mas não deve ser tão difícil assim entrar num acordo.

Nós podemos e precisamos ser mais delicados, necessitamos levar a vida com mais sutileza.
Nossas malas estão pesadas demais. Precisamos reaprender o sentido de leveza, de contemplar mais pôr-do-sol, de ficar de bobeira, de fazer um pick nick no jardim, de realmente aproveitar nosso tempo de forma natural.
Tudo isso tem a ver com as nossas escolhas. As escolhas devem ser pelo confortável ou pelo conveniente? Maluca esta pergunta? Ficar louco de vez em quando é necessidade básica para permanecer são sabia! Quando a loucura é consciente, pode-se voltar dela muito mais leve e saudável. Descomplicar nossa vida, reciclar velhos hábitos, deixar nossa rotina mais limpa. Trocar a velha cara amarrada e sorrir pro teu espelho. Não porque é moda ou porque aquele guru disse. Mas porque precisamos para ontem destas mudanças internas e externas.
Precisamos reduzir a marcha, reduzir as assinaturas, reduzir os compromissos, reduzir as necessidades, reduzir as carências,
reduzir o consumo, parar de correr em círculos, pedir ajuda se necessário for. E tenha Fé que a ajuda virá. Ascendente e espiritual. Nosso Pai nunca nos deixa na mão.

O mundo tornou-se perigoso porque os homens acreditam que dominam a natureza, antes de aprender a dominar a si mesmos.
Não é utopia buscar viver uma vida com mais significância. Com mais sentido. Com mais felicidade. Com mais velas e menos eletricidade. Mesmo que seja com copos de requeijão. Com muito Amor. Vale a pena tentar. No mínimo, pode sobrar tempo para um abraço mais prolongado e finalizado com um beijo arrasador ao final do dia, assim aproveitaremos melhor este descanso extra, consolidada por uma despreocupação com direito a bônus...
Afinal, quanto tempo é o bastante para nós buscarmos nossa paz e alegria interior?
Nilce Mota

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Aqui me psicografo! Também...

Aqui me psicografo! Também...
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